Sempre que existir febre, a criança deve ser testada à COVID-19?
A febre é um sinal comum a várias doenças e não exclusivamente da COVID-19, pelo que será sensato aguardar a evolução clínica. Se, em três dias, desaparecer a febre e não houver fonte de contágio conhecida ou cadeia de transmissão evidente, a criança pode regressar à escola. O médico deve ponderar fazer o teste em casos particulares: se os pais também estiverem doentes, com sintomas respiratórios, se a criança esteve em contacto com alguém que se suspeita que possa estar com COVID-19, ou se a febre e os sintomas, ao fim dos três dias, permanecerem, sem sinais de que seja outra doença qualquer, como uma otite, por exemplo.
Até receber o resultado do teste como deve a família comportar-se?
Toda a família deve efetivamente ficar em casa e evitar o contacto social, chamado isolamento voluntário, até ser conhecido o resultado do teste.
Se for negativo, voltará à escola. E se for positivo? Isola-se dos irmãos?
Isola-se dos irmãos e toda a família fica de isolamento profilático.
Se o meu filho testar positivo, toda a família deve ser testada? E que cuidados devem ter os pais para cuidar de uma criança com COVID-19, mesmo que assintomática?
Toda a família é testada, porque são contactos próximos. Em relação aos cuidados, devem ser usadas medidas de isolamento domiciliário. Nomeadamente, a criança deve ficar num quarto sozinha (se tiver idade para tal, obviamente) e se sair do quarto deve usar máscara e cumprir o distanciamento. Se possível deverá ter um WC exclusivo, a limpeza do quarto deve ser efetuada com produtos adequados, o lixo separado, talheres, pratos e roupa de cama lavados a altas temperaturas, ensinar a lavagem frequente e correta das mãos e a etiqueta respiratória, o quarto deve estar preferencialmente com a porta fechada, arejado frequentemente e sem ar condicionado. Tentar que seja apenas uma pessoa da família a prestar os cuidados à criança.
A criança deve evitar contactos com pessoas vulneráveis (idosos, doentes crónicos, grávidas e imunodeprimidos).
As escolas pedem uma declaração médica para que a criança possa retornar à escola, depois de um episódio de febre. Mas nenhum médico passa uma declaração a dizer que o meu filho não tem COVID-19 sem fazer o teste. Isso implica ficar 14 dias em casa...
Se a criança estiver bem e assintomática pode voltar à escola, como sempre aconteceu, com o respetivo atestado a comprovar a ausência de doença infetocontagiosa. O médico só não poderá confirmar se a criança teve, ou não, COVID-19, sem a ter previamente testado para SARS-CoV-2.
Para ajudar os pais/educadores nesta questão dos atestados e declarações para a escola e/ou trabalho, apresento de seguida em resumo do que fazer:
Porque é que as gotículas patogénicas, dependendo da temperatura e humidade ambiental, podem atingir distâncias de 7-8 metros?
Quando espirramos emitimos dois tipos de gotículas: grandes e pequenas. As grandes depositam-se mais depressa do que se evaporam, enquanto as pequenas se evaporam mais rápido do que se depositam, constituindo uma nuvem no meio ambiente. Atualmente sabe-se que as pequenas gotículas ao transitarem de condições quentes e húmidas do sistema respiratório, para o ambiente exterior mais frio e seco, evaporam-se e passam ao estado gasoso, formando aerossóis.
Trabalhos recentes demonstraram que as exalações como a tosse e o espirro, produzem uma nuvem multifásica de gás turbulento que entra no ar ambiente e transporta aglomerados de gotículas. O interior da nuvem mantem-se quente mais tempo, permitindo que as gotículas escapem à evaporação durante um tempo mais prolongado, o que aumenta o seu tempo de vida e de contágio.
Devido ao ímpeto avançado da nuvem, as gotículas patogénicas são impulsionadas para muito mais longe, podendo percorrer 7-8 metros, dependendo da temperatura e humidade.
Quanto tempo os aerossóis de SARS-CoV 2 permanecem suspensos no ar?
Em média permanecem viáveis durante 30 min.
Os objetos (vias fómites) podem ser efetivamente uma fonte de transmissão?
Um fómite é qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos infeciosos de um indivíduo a outro, após contacto com aerossóis ou gotículas.
As superfícies lisas (não porosas) transmitem bactérias e vírus melhor do que os materiais porosos, pois estes absorvem e aprisionam o agente contagiante, tornando mais difícil contraí-lo através do toque.
Exemplos de fómites: sapatos contaminados, laringoscópios, teclado de computador, telemóvel, talheres, maçanetas, chão e paredes.
Quais são as vias de transmissão do SARS-CoV 2?
Secreções respiratórias, fezes e também estão descritos casos de transmissão via sexual (sémen).
A carga viral é igual em todo o sistema respiratório?
A carga mais elevada da COVID-19 encontra-se na expetoração e nas secreções da via aérea superior.
Contudo, este ano será diferente. O mundo está diferente. As nossas unidades estão diferentes. Todos nós estamos diferentes. Mas a importância da higienização das mãos na prevenção da infeção não mudou. Talvez tenha mudado a forma como todos nós encaramos a sua eficácia. Agora, olhamos para a higiene das mãos como uma ferramenta poderosa e verdadeiramente eficaz, na prevenção da transmissão cruzada. Olhamos como sempre devíamos ter olhado e, como esperamos não deixar de olhar.
Sabemos e sentimos quanta angústia e incerteza esta pandemia nos causou. Porém, reconhecemos também que nos trouxe algo que durante anos a Organização Mundial de Saúde, a Direção Geral da Saúde, os Grupos Coordenadores Regionais do PPCIRA, os Grupos Coordenadores Locais do PPCIRA, os agentes dinamizadores dos serviços tentaram, esforçaram-se, mas nunca conseguiram: a verdadeira consciencialização da importância da higiene das mãos. Hoje todos temos consciência de que LAVAR AS MÃOS, SALVA VIDAS!
Desde o início desta pandemia, passaram pelos nossos hospitais alguns pacientes com SARS-CoV-2 (COVID-19). Felizmente, não muitos. Acreditamos que todas as medidas adotadas pelos nossos profissionais, das quais salientamos a higiene das mãos, foram fulcrais para evitar aquela que poderia ter sido uma catástrofe nas nossas unidades: a transmissão para profissionais ou outros pacientes. A nossa taxa de infeção cruzada de SARS-CoV-2 é até ao momento nula, sendo que temos a certeza que para isso muito contribuiu a boa prática na higiene das mãos.
Estas são algumas das razões para que hoje não deixemos de salientar a importância desta medida, que sendo a mais simples e a mais económica, é também a mais eficaz, na prevenção e controlo da infeção.
As máscaras variam em função da barreira de proteção que exercem para o seu portador, mas também para os outros.
As máscaras cirúrgicas cobrem a boca e o nariz e funcionam como uma barreira para minimizar a transmissão direta dos agentes infeciosos entre o seu utilizador e os outros. A principal finalidade é proteger a saúde dos outros, embora também salvaguarde o próprio.
Os respiradores ou máscaras respiratórias (Filtering Face Piece, FFP) são equipamentos de proteção individual destinadas aos profissionais de saúde. De acordo com a percentagem de filtragem que conseguem efetivar, são classificadas vulgarmente em P1, P2 e P3 (FFP1, FFP2 e FFP3). Quanto mais elevado é o nº da sua identificação, maior a sua capacidade de filtragem.
As máscaras sociais disseminaram-se no contexto da atual pandemia, pois passaram a ser obrigatórias em contexto comunitário. São consideradas como um artigo têxtil, cuja composição deve assegurar no mínimo 70% de filtração. Os fabricantes deste tipo de máscara devem fornecer informação detalhada acerca da sua reutilização (lavagem, secagem, conservação e manutenção), bem como do número de utilizações possíveis.
Ver receitas
Existem alguns alimentos que contribuem para a melhoria da imunidade, tais como os iogurtes, que apresentam uma ação probiótica através da presença de bactérias que ajudam a regular a flora intestinal, a cebola e o alho que atuam como agentes anti-inflamatórios, o gengibre e os cogumelos, mais especificamente o cogumelo shitake, pelas propriedades benéficas que possuem.
É uma altura que inevitavelmente há um gasto energético inferior ao habitual e, naturalmente o combate ao sedentarismo e o aumento de peso tornam-se uma tarefa difícil. É recomendado, aliado a uma alimentação saudável, manter uma boa prática de exercício físico, optar por fazer semanalmente aulas de ginástica em casa e/ou fazer caminhadas ou corrida ao ar livre.
Não esquecer que um bom aporte hídrico é fundamental para todo o funcionamento do organismo, sendo aconselhado no mínimo o consumo de 1,5L de água por dia, sob a forma natural, águas aromatizadas, chás ou infusões de ervas sem açúcar.
Do ponto de vista do planeamento e compra de alimentos, sobretudo de legumes e vegetais, deve dar preferência aos produtos congelados que apresentam uma maior durabilidade, mas ao mesmo tempo, privilegiar os produtos frescos e preferir a fruta da época, como a laranja, o limão, o kiwi, o ananás e os frutos vermelhos.
Devem aproveitar estes momentos que estão mais tempo em casa com as crianças, para convidá-las a participar na elaboração de algumas receitas saudáveis, como por exemplo gelados de iogurte natural ou gelatinas com fruta natural. Incutindo de igual forma uma maior ingestão de hortícolas e usando a imaginação nas formas da sua apresentação, pode ralar, cortar às rodelas, em cubos ou fazer um “esparguete” de legumes.
Em nota final, saliento que não é altura para dietas muito restritivas, devemos sim equilibrar a alimentação e fazer uma boa manutenção do peso, o que já é ótimo!
O teste mais comummente utilizado para o diagnóstico da infeção pela COVID-19 é o realizado através de zaragatoa nasofaríngea, para a deteção do RNA (genoma) do vírus por RT-PCR.
Este teste tem uma elevada especificidade, ou seja, os resultados não originam falsos positivos. Contudo, para a sensibilidade verifica-se que pode atingir 30% de falsos negativos. Para eliminar esta possibilidade é aconselhável que se efetue mais do que uma colheita, em dias diferentes. Apesar disso, o RT-PCR é o teste com maior fidedignidade e considerado o “padrão ouro”, sendo sempre recomendado para o diagnóstico da COVID-19 em pacientes sintomáticos.
A análise da RT-PCR exige tecnologia diferenciada e dispendiosa, razão porque estão a ser desenvolvidos testes rápidos de deteção de antigénios da COVID-19.
O teste rápido antigénio não deteta anticorpos adquiridos e sim a presença do vírus naquele momento. Estes testes só conseguem maior rigor quando a carga viral é elevada, o que acontece, dentro de 1 a 5 dias após o início dos primeiros sintomas. É recolhido através de zaragatoa e o seu resultado pode ser dado até 2Horas.
É expectável que a percentagem de falsos negativos destes testes possa ser ainda mais elevada. No entanto, também permitirá tratar precocemente os indivíduos com o teste positivo.
Paralelamente ao teste da RT-PCR e dos testes de antigénios, existem os testes que detetam os anticorpos IgM e IgG contra a COVID-19, através da técnica ELISA (do inglês Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay, baseia-se em reações antigénio-anticorpo detetáveis por meio de enzimas), sendo mais baratos e acessíveis em comparação com a RT-PCR. Há, contudo, uma desvantagem nos testes dos anticorpos; numa fase inicial da infeção dão resultados negativos. Fisiologicamente a explicação reside no facto de que nos primeiros dias do indivíduo ser infetado, é o seu sistema inato que é solicitado a atuar, sendo que só dias mais tarde o sistema adaptativo é ativado, incluindo as células B, responsáveis por produzirem os anticorpos específicos contra a COVID-19.
Os testes IgG e IgM são adequados sobretudo quando os testes da PCR dão resultado negativo, mas a pessoa apresenta sintomas iniciais de pneumonia ou persistentes por mais de 10 dias.
(Fonte: DGS, 2020)
Segundo a DGS, os resíduos como lenços, restos de comida ou outro lixo doméstico, produzidos por uma pessoa em quarentena ou isolamento, devem ser tratados com especial cuidado, bem como aqueles produzidos pelos outros coabitantes:
Dessa forma, todos devemos seguir duas recomendações: assegurar que estão supridas as necessidades em termos de equilíbrio alimentar e efetuar compras responsáveis, ou seja, nas quantidades adequadas e sem exageros, por forma a não provocar rotura de stocks nos supermercados.
1. CEREAIS E DERIVADOS, TUBÉRCULOS
1.1 Alimentos para refeição do pequeno-almoço e merendas
ALIMENTOS |
QUANTIDADE POR PESSOA PARA 14 DIAS* |
Cereais de pequeno-almoço (cereais do tipo Cornflakes, muesli ou aveia) (apenas cereais) OU | 1Kg |
Cereais de pequeno-almoço (cereais do tipo Cornflakes, muesli ou aveia) + bolacha Maria/água e sal + Tostas | 500g + 300g + 200g |
OU
Pão + cereais de pequeno-almoço (cereais do tipo Cornflakes, muesli ou aveia) | 700g + 500g |
1.2 Alimentos para refeições principais
Arroz, massa ou batata | 3Kg |
2. HORTÍCOLAS
Hortícolas (legumes, hortaliças...) | 2,5Kg |
3. FRUTA
Fruta | 3Kg |
4. LACTICÍNIOS
ALIMENTOS |
QUANTIDADE POR PESSOA PARA 14 DIAS* |
Leite + Queijo (ex.: queijo tipo flamengo) OU |
5L + 600g |
Leite + Queijo (ex.: queijo tipo flamengo) + Iogurtes | 3L + 600g + 14 iogurtes |
5. CARNE, PESCADO E OVOS
Carne, pescado e ovos | 3kg (meia dúzia de ovos + 700g (ou 6 latas conservas de pescado + 2kg de carne ou pescado (congelado/fresco) |
6. LEGUMINOSAS
Leguminosas (feijão, grão, ervilhas, lentilhas) | 1kg (leguminosas em conserva) ou 350g (leguminosas secas) |
7. GORDURAS E ÓLEOS
Azeite | 350 ml |
8. OUTROS ALIMENTOS
Café, tomate pelado, frutos oleaginosos, compota | Não aplicável |
* Necessidades nutricionais médias diárias estimadas para a população portuguesa: 2000 kcal, 20% proteína, 50% hidratos de carbono e 30% lípidos. Ajustar as quantidades de acordo com o agregado familiar.
A quarentena e o isolamento são ambas medidas de afastamento social, que protegem os indivíduos e as populações de uma epidemia.
A quarentena é utilizada em indivíduos que se supõe serem saudáveis, mas que possam ter contactado com um doente confirmadamente infetado. Em caso de quarentena esteja atento aos sintomas. Deve registá-los, nomeadamente medindo a temperatura duas vezes ao dia.
As regras de prevenção mantêm-se: além do afastamento social, cumprir a etiqueta respiratória e a lavagem frequente das mãos.
O isolamento é a medida utilizada para indivíduos doentes, para que através desse isolamento não contagiem outras pessoas. Veja como se deve comportar um doente em isolamento no domicílio, bem com os restantes membros da casa partilhada. (link)
Tanto para a quarentena quanto para o isolamento, o indivíduo deve cumprir escrupulosamente o tempo que lhe foi indicado, mesmo que não tenha sintomas.
A saúde humana, a saúde animal e o estado dos ecossistemas estão intimamente ligados.
Sabemos atualmente que 70-80% das doenças infeciosas emergentes e mesmo as reemergentes são de origem zoonótica. Ou seja, podem ser transmitidas entre animais e humanos.
O crescimento populacional, as alterações climáticas, o aumento das comunidades urbanas, a banalização das viagens e as sucessivas migrações internacionais, aumentam o risco do aparecimento e a disseminação de agentes patogénicos respiratórios.
Os coronavírus provocam doenças de variada gravidade; doenças que vão de uma simples gripe, a condições mais graves, como a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS), ocorrida em 2012, ou a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) de 2002.